3x4 falado
Há 40 anos, partindo do Ceará, Zé Maria veio para Brasília em busca de melhores condições de trabalho. Através de um amigo foi apresentado a uma máquina fotográfica e se apaixonou, desde então, manteve dali seu sustento. Numa esquina do centro de Taguatinga, em uma pequena cabine, trabalha há mais de 30 anos, tirando retratos e fotos 3x4, registrando em sua mente vários rostos, várias pessoas, vários momentos.
Seu trabalho com a fotografia já o fez passar por vários momentos que não esquecerá: "Tinha gente que queria o trabalho bem ligeiro, e não dava para fazer. Não podia chover, tinha cara que queria que eu fizesse na marra, mas eu dizia, meu amigo, não tem luz pra queimar o papel, pois tinha que entrar luz na máquina pra queimar o papel fotográfico. Hoje graças a Deus é tudo digital", conta ainda em tom cômico: "Às vezes há algumas reclamações com relação a foto, mas a questão nunca foi técnica e sim com a aparência do cliente e não tenho muita coisa a fazer", se diverte.
Apaixonado pelo que faz, é difícil ouvir alguma reclamação pessoal da boca de Zé, por muita coisa já passou e muitas histórias já viu em Taguatinga, boas e ruins, e não deixa de gostar daquele lugar que o faz tão feliz, mas afirma que a cidade já foi mais tranquila. Nunca sofreu nenhum tipo de violência, mas gostaria que houvesse mais policiamento no centro de Taguatinga, pois diariamente quase não vê, vê apenas o medo em algumas pessoas, em algumas cenas que presencia. E com isso, só não acha o seu local de trabalho melhor por possuir muitos usuários de crack e haver muitos roubos.
Hoje, fazendo 6 a 10 fotos por dia, aos 65 anos, tem orgulho de dizer que naquele cantinho trabalhou dignamente e conseguiu formar seus quatro filhos. Tendo uma vida bem tranquila, Zé Maria sai de casa cedo e volta cedo também, se sente realizado. Mesmo invisível a muitos olhos, se sente feliz, por salvar pessoas, que urgentemente precisam de uma foto, e ele a ajuda, se tornando essencial numa cidade como Taguatinga.
Precisa de uma foto? Procure Zé.