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Apenas 6% dos brasileiros confiam nos políticos, diz relatório


Foto: Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom / Arte Arlei Sousa


Diante de uma crise política e econômica, de escândalos de corrupção e da precariedade dos serviços públicos, a credibilidade em relação à atuação dos governantes brasileiros está em baixa. Segundo o relatório Confiança nas Profissões 2016, divulgado pela organização GFK Verin, que mede a reputação das profissões em 27 países, apenas 6% dos brasileiros revelaram confiar em seus representantes políticos, o que demonstra a insatisfação e a descrença com essa classe no País.


Para a cientista política Analu Cordeiro, isso ficou evidente nas eleições municipais deste ano, devido ao alto índice de abstenções e ao fato de os votos nulos e brancos terem ultrapassado os votos do vencedor, em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais de 25 milhões de eleitores não compareceram às urnas no primeiro no turno e, no segundo turno, ocorrido em 57 cidades do país, 7,1 milhões de eleitores se abstiveram e os votos nulos e brancos chegaram a somar 3,6 milhões.


“Uma das principais razões da baixa credibilidade é a falta de crença de que os políticos irão resolver algum problema. As pessoas não enxergam na política a solução para as desigualdades sociais e para a melhoria de serviços públicos, por exemplo. E um dos motivos para essa falta de credibilidade é a quantidade de promessas feitas que não foram cumpridas, como a melhora da educação e da saúde”, afirma a cientista política. “A maioria da população se desapontou com as gestões anteriores e, por conta disso, desacreditam que políticos irão reverter os quadros econômicos e sociais que estamos imersos”, ressalta.


Como muitos brasileiros descrentes com a política, o auxiliar de estoque Igor Roberto acredita que o sistema político está falido. “Principalmente por causa da impunidade quanto aos crimes que eles [os políticos] cometem, e também por conta da população, que não fiscaliza seus governantes”, diz o auxiliar. Para o estudante Mathews Leles, que procura acompanhar o trabalho de seus candidatos eleitos, é quase utópico um governo sem corrupção. “A gente sempre tenta acreditar que as coisas vão ficar melhor, e é possível, sim, que haja um governo sem corrupção. Porém, pode demorar anos e até gerações para que seja alcançada essa situação”, comenta.


Analu Cordeiro afirma que para mudar a visão dos brasileiros em relação aos políticos são necessárias a transparência e a clareza sobre como as atividades políticas são exercidas. “É preciso demonstrar à população como são os processos políticos, como, por exemplo, a elaboração de projetos de lei, e como ocorre sua aprovação. Conhecendo os processos, de maneira não burocrática, as pessoas irão saber que não é fácil aprovar projetos, e que a participação massiva da população, através de protestos, e de pressão junto aos parlamentares, pode facilitar e agilizar bastante”.


A cientista política enfatiza, ainda, que a participação popular no processo de mudança do cenário político, combatendo, assim, a corrupção, é fundamental. “É importantíssimo que as pessoas percebam que são elas que escolhem quem irá nos representar. Escolher de maneira consciente, atentando-se às promessas de campanha – e caso haja mandatos anteriores, atentando-se às atitudes passadas dos candidatos –, pode facilitar o processo de escolher representantes melhores, e que não nos decepcionem. Se as promessas, maior parte delas, fossem cumpridas, dificilmente a população seria tão descrente. Todos precisam perceber que a política pode, sim, melhorar nosso dia-a-dia”, finaliza.



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