Pessoas recorrem à Justica para garantir um leito de UTI
A espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva na rede pública hospitalar do Distrito Federal ainda é um grande problema para diversas pessoas que necessitam do atendimento especializado para sobreviver. Segundo a Defensoria Pública do DF, em 2015, cerca de 800 ações judiciais foram movidas na tentativa de obter o atendimento. Em levantamento divulgado em maio deste ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que entre 2010 e 2015, 817 leitos foram desativados, revelando que em conjunto, na rede pública e privada, o DF possui atualmente 4.055 leitos. Segundo a Secretaria de Saúde do DF, ao todo, destes leitos de Terapia Intensiva, a rede pública de saúde possui 498 disponíveis para atendimento adulto, pediátrico, neonatal, coronariano e trauma. Em agosto deste ano, a família da balconista de farmácia Rozelia Pereira necessitou de atendimento para o primo de seu esposo, Tiago Bezerra, 34 anos, que foi vítima de bala perdida na cabeça, em Santa Maria, ficando assim, em estado gravíssimo no Hospital de Base. “Durante dois dias não conseguiram leito de UTI para ele, então pedimos ao médico que estava cuidando dele para que nos desse um laudo informando a situação dele, para que pudéssemos procurar a defensoria pública, e assim foi feito”, conta a balconista que afirma que no dia seguinte conseguiram uma vaga da unidade do próprio HBDF, no qual Tiago ficou internado por 15 dias. Para Rozelia, este tipo de situação é lamentável, “é uma vergonha, por tantos impostos serem cobrados de nós e quando precisamos de uma ajuda médica passamos por tamanha humilhação”, diz em tom de indignação. Para evitar mais situações como esta, a Secretaria de Saúde informou que foi criada uma força-tarefa cujo propósito é alcançar a totalidade de disponibilidade dos leitos de UTI. Desde a sua criação, em 2015, houve a diminuição do bloqueio de leitos nos Hospitais de Base, Materno Infantil e de Santa Maria. Uma das principais causas para a indisponibilidade de UTIs na rede pública é o déficit de profissionais, e a pasta afirma que desde o início do ano, já foram mais de 2 mil novos contratados e cerca de outros 5 mil técnicos de enfermagem e 10 mil enfermeiros aguardam nomeação do último certame realizado na secretaria. Quando o paciente não consegue atendimento imediato para UTI, ele permanece aguardando a liberação de um leito na fila de espera da Central de Regulação de Internação Hospitalar. Se por acaso o paciente melhorar seu estado clínico e não precisar mais de UTI, o nome dele é retirado da lista de espera por um leito de UTI e o paciente continua sendo assistido em uma das unidades de saúde da rede pública. Devido aos casos de emergência, para aqueles desejam entrar com o pedido de liminar na Justiça para obter o atendimento, a DPDF possui o Núcleo Plantão que atende fora do horário normal do Fórum.